24 junho 2011

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Tratamento Natural nas Alergias Alimentares

Quando falamos de alergias alimentares, geralmente o que vem primeiro à mente são aquelas reações mais clássicas como prurido e vermelhidão da pele, edemas pelo corpo etc. Esses são sinais clássicos do que chamamos de alergia imediata, mas queremos lembrar que além deste, existe um outro tipo de alergia muito mais comum, que corresponde a  cerca de 98% das alergias alimentares: são as alergias tardias, que recebem esse nome porque seus sinais se manifestam  entre 2 e 72 horas depois do contato com o alimento (1).
Diferente das alergias imediatas (que se manifestam imediatamente ou até 8 horas depois do contato com o alimento, com grande atuação das imunoglobulinas do tipo E), as tardias nem sempre têm diagnóstico fácil, exatamente pela dificuldade de se saber exatamente qual alimento a causou. Com prevalência das imunoglobulinas do tipo G, os seus sinais podem aparecer de diversas formas, seja por problemas respiratórios (rinite, bronquite, sinusite), otite, enxaqueca, insônia, hiperatividade, ansiedade, depressão, dermatites, micoses, obesidade etc (1).
Seja qual for o tipo de alergia diagnosticada, a primeira conduta do tratamento é a exclusão total do alimento alergênico por período que varia conforme a gravidade do caso (1,2). Há casos em que a exclusão total precisa ser permanente, principalmente quando o alimento coloca em risco a vida do paciente.
Confira os principais alimentos alergênicos e as sugestões de substitutos no tratamento (1, 2, 3, 4, 5, 6):
Alimento alergênico Sinais da alergia Sugestões para substituir
Leite e derivados (especificamente as proteínas caseína e lactoglobulinas) Problemas respiratórios (rinite, bronquite, sinusite, asma, etc) e outras doenças crônicas como diabetes e artrite reumatóide Couve, rúcula, mostarda, repolho, gergelim, brócolis, tofu (queijo de soja)
Trigo, aveia, cevada e centeio (alimentos com glúten) Hiperatividade, depressão, infecções, dores musculares (fibromialgia, por exemplo), doenças auto-imunes Arroz e derivados (como farinha de arroz), quinua, trigo sarraceno, milho e derivados, inhame, mandioca e derivados como a fécula
Ovos (proteínas ovalbumina, conalbumina) Insônia, sinusite, infecções Quinua, levedo de cerveja, cereais integrais (arroz integral, trigo sarraceno, milho)
Soja Urticária, infecções Feijão azuki, ervilha, grão de bico
Aditivos alimentares:
 - tartrazina (corante amarelo presente em gelatinas, balas e sucos artificiais) Asma, urticária Sucos naturais, gelatina de ágar-ágar (natural), doces naturais de frutas (sem aditivos químicos)
 - sulfitos (conservadores de frutas secas, vinhos e sucos artificiais). Ex: metabissulfito de sódio Asma, urticária Doces naturais de frutas (sem aditivos químicos), frutas in natura e liofilizadas (sem aditivos artificiais), suco concentrado de uva (de preferência, orgânico)
 - glutamato monossódico (realçador de sabor presente em temperos e molhos artificiais, macarrões instantâneos convencionais, salgadinhos tipo snacks etc) Enxaqueca, depressão Ervas naturais (para temperos), molhos caseiros, macarrões instantâneos integrais com temperos naturais (sem glutamato)
Outro ponto importante, que costuma causar confusão mesmo entre os profissionais é a diferença entre alergia e intolerância alimentar. A alergia é uma reação imunitária que acontece a partir do contato com as proteínas do alimento, já a intolerância refere-se a qualquer resposta anormal do organismo a um alimento ou aditivo, mas que não ativa o sistema imunitário (2). Um exemplo clássico dessa diferença é a alergia ao leite (citada na tabela acima) e a intolerância à lactose, que acontece no trato digestório, quando há falta da enzima lactase (que digere a lactose). Os sinais mais comuns da intolerância à lactose são diarréia, flatulência e sensação de estufamento abdominal.
Tanto o diagnóstico das alergias quanto das intolerâncias não costuma ser simples, até porque, principalmente no caso das alergias tardias, deve-se considerar outros fatores como predisposição genética, exposição ambiental, fatores emocionais etc. A tarefa do nutricionista clínico e do médico é fazer uma avaliação bem detalhada para trazer melhores resultados no tratamento.

Referências Bibliográficas:
1- CARREIRO, D.M. Terapia Nutricional na Alergia Alimentar. VP Consultoria, 2006.
2- PEREIRA, ACS e col. Alergia alimentar: sistema imunológico e principais alimentos envolvidos. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde. 29(2): 189-200, 2008.
3- CORDAIN, L e col. Modulation of immune function by dietary lectins in rheumatoid arthritis. Br J Nutr. 83(3): 207-17, 2000.
4. VIRTANEN, SM e KNIP, M. Nutritional risk predictors of beta cell autoimmunity and type 1 diabetes at a young age. Am J Clin Nutr. 78(6): 1053-67.
5- THUNE, P e GRANHOLT, A. Provocation tests with antiphlogistica and food additives in recurrent urticaria. Dermatologica. 151(6):360-7, 1975.
6- BITTENCOURT, AL e col. Immunogenicity and allergenicity of 2S, 7S and 11S protein fractions. Rev Bras Cien Farm. 43(40: 597-606,2007.

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